Aprender sempre...

Ser mãe é ter a humildade de aceitar-se como fonte de vida de um ser que não nos pertence e, ao mesmo tempo, é tão nosso quanto qualquer outra parte de nosso corpo. Ser mãe é colecionar pérolas diárias, e por que não? Compartilhá-las...

domingo, 27 de março de 2011

De volta à Terra do Nunca


O cachorrinho explorava corajosamente a vasta mata que adornava aquela região. Plantas variadas em um espaço visivelmente limitado. Folhagens longas e arbustos de pequenas folhas, flores alaranjadas e plantas que insistiam em não dar flores, e o valente cãozinho passeava. Uma bola roxa enorme passa rente a sua cabeça e a gata gigante corre assustada. O cachorrinho encontra uma palha avermelhada e veste de bigode. É gooooooooooooooool!!!! Passa pra um, passa pra outro, passa pro terceiro... ah não, droga, ali na escadinha é difícil de chutar.
O concreto molhado emana umidade e alivia o calor de quem passou um dia inteiro enfiado em casa, ora por preguiça de enfrentar o sol forte, ora por medo da chuva e dos gritos dos torcedores da vizinhança.
O cheiro lá fora me remete aos quintais de minhas avós. Uma das casas ficou só na lembrança. A outra ainda serve de espaço de lazer para minha caçula fazer as mesmas estripulias que eu em sua idade.
Enquanto penduro a roupa no varal, fecho os olhos e sinto aqueles aromas que eram tão meus: o cheiro do amaciante que saía dos lençóis detrás dos quais eu me escondia, o cheiro da terra úmida do vaso onde uma miniatura de cachorro é posta como uma desbravadora das selvas, o chão limoso que serve de estádio para uma bola das Princesas. Brincar junto não significa fazer a mesma coisa ao mesmo tempo. A imaginação é um espaço de vastos ambientes paralelos que se fecham e interagem entre si e com a realidade ao mesmo tempo, e a delícia do processo é ver lembranças sendo fabricadas avidamente.
Odores e sons que ficam, mesmo depois de 25, 30 anos. Odores e sons que se repetem e continuam sendo mágicos. Por um instante aquele cachorrinho de plástico foi meus olhos, por um instante as batidas do coração da criança mais velha foram minhas e desejei fazer um gol. E eu posso. Porque graças a Deus eu NUNCA me permiti crescer. E nem pretendo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Comeu um dicionário?

A criatura viu alguém de óculos escuros e perguntou pelas "pupilas"... Por que ela não conseguia ver as pupilas???? Foi chocante com meses faltando para 3 ouvir uma pergunta assim.
Compartilhado com uma amiga, também houve surpresa, o que significa que não é exagero meu.
Ok. Passou. Minutos depois, ao ver um desenho de uma personagem infantil, um pseudo cachorro, a criança questiona sobre a existência de "narinas". Como assim???
A última vem à noite, chamando a pomada de "pomada". Não podia ser "creminho"? Não. Você usa tatibitati com sua cria? Se usa, é isso que vai ouvir. Se não usa, não espere isso dele, compre um dicionário. Ele ainda vai te surpreender...

sábado, 5 de março de 2011

Linha do tempo



Nada como o Carnaval para a gente se aproximar da família e entender como cada um pensa...
Você tenta cantar "Corre cotia" pra animar o ambiente e sua filha te diz "Nossa Senhora, mãe!", e você fica lá, com cara de pastel, tentando entender se era uma crítica, uma reprimenda...

Aí ela tira o sapato, cheira o próprio pé e reclama "Meu Deus"... O pessoal lá em cima deve estar ocupado ou encarregando a avó de encontrar quem atenda a esses apelos da pequena rogadora.

Antes fosse alguém que roga. A Criatura pensa. Pensa demais às vezes. Nem chegou perto dos 3 anos e já filosofa sobre a fugacidade da vida...

"Mamãe, quando a gente está no agora, o que acontece com o ontem?" "O ontem fica pra trás, filha" "Quer dizer que o ontem não volta mais?" "Não volta, amor." "E se a gente for pro ontem, o agora acaba?" "Não dá para voltar para o ontem, amor, e amanhã, o agora vira ontem também e vamos estar em outro agora" Enfim, ela tentou mil vezes reconstruir o tempo inconformada de não poder conciliar todos os agoras de uma vez só. E ela ainda nem sabe que em certas fases da vida, tudo que a gente precisava é que pela última vez o ontem fosse agora, só um minutinho, só para fazer alguma coisa ou terminar diferente alguma frase...