Depois de praticamente ter tido férias, sim, nunca é na íntegra isso, eu retomei a rotina de trabalho meio que conectada ao piloto automático. A cabeça focada em projetos mil, novidades coloridas e vontades atrevidas.
Dar aula é sempre bom, há alunos que conseguem fazer dessa arte ainda melhor, e mesmo atuando com certa inércia, acaba sendo um momento de interação gratificante.
Voltar para casa é ainda melhor, meu abracinho quentinho e meu sorrisinho brilhante me esperavam e nada pode ser mais revigorante que isso. Mas havia a fome... e que fome... eu precisava jantar. Desta vez pedi por favor para a cria esperar um pouco, que assim que terminasse o jantar iria para o quarto. A pequena, obediente, foi brincar e esperar. Ganhou uma bolacha doce enquanto eu terminava de matar o que me matava. Veio para pegar a bolacha e não voltou mais. Achando que estava fazendo mistérios soltei um "espera aí que já vou te pegar!" que ficou no ar sem resposta.
Meu coração apertou.
Ela conseguiu comer a bolachinha, mas dormiu esperando a hora de brincar. Coração apertou mais, e acho que culpa é uma palavra muito pequena para descrever o nó que me fechou a garganta e cobriu de lágrimas meus olhos.
Primeiro dia de volta ao trabalho e eu deixo isso acontecer???
A sensação de vazio que correu em minhas veias era fria e escura. Peguei meu tesouro, beijei, beijei. Impressão de carregar na testa um luminoso piscante em rosa choque: "mãemonstra".
Eu sei que acontece. Já aconteceram outras, mas nunca sem que eu tivesse tido tempo de ficar junto um pouquinho que fosse.
Prometo que eu durmo com fome se for preciso, mas ela nunca mais vai pegar no sono sem mim.
(Excessivamente female today, I know it)