Aprender sempre...

Ser mãe é ter a humildade de aceitar-se como fonte de vida de um ser que não nos pertence e, ao mesmo tempo, é tão nosso quanto qualquer outra parte de nosso corpo. Ser mãe é colecionar pérolas diárias, e por que não? Compartilhá-las...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não sou homem não!!!


Além de incrivelmente doce, a maternidade é uma forma de aperfeiçoamento como ser humano. É um teste diário de disciplina, paciência e educação. Você precisa conseguir criar uma rotina firme para manter a criança calma, saber impor disciplina sem ser aterrorizante ou agressivo e conseguir silêncio sem gritar, para não ser incoerente com o que está pedindo... Nem sempre é divertido ou belo, mas sempre é edificante.
O bom é que o tempo como mãe acaba nos ensinando que metade das coisas que sabíamos podem ser vistas e feitas de outra maneira, mas as mais interessantes são as que podem ser ditas de um modo novo ou interpretadas de forma particular.
Muitas vezes, para conseguir bons resultados, é preciso negociar ou saber rir da situação... e uma criança que foge ao ser penteada pode ser comparada a uma ervilha que corre do prato ao chão. O problema de certas metáforas é que se você tem em mãos duas crianças, elas, as metáforas, fogem de controle. Bom, as crianças também. E depois da pobre ervilha, segue uma lista de outras coisas que fogem do prato...O que era uma brincadeira para conseguir pentear um cabelinho, vira uma lista de supermercado, que como tudo, um dia acaba. Só que com crianças nada acaba sem um grand finale.
A maior se lembra de um episódio em que sua mãe tentava cortar uma melancia que, como todos os outros itens de nossa lista, fugiu. E dá-lhe fábula... Depois de muito correrem atrás da melancia fujona, desistiram e telefonaram para a polícia melancial, que quando chegou ao local, ouviu as queixas de ambas de sua tentativa infrutífera de cortar a melancia já citada. Espantados com o grau de violência de mãe e filha, a polícia melancial gritou "co-co-co-co-cortaaaaaaaaarrrrrrr?????" e saiu correndo. Total da história: elas precisaram chamar a polícia comum mesmo e resolver o problema colocando algemas na melancia (?) que escapou...Sim, conseguiram comê-la.
Quando vem a noite, começam as brincadeiras de baixar o ritmo, e dar beijinhos mordisquentos claro que está entre os dez mais. Dá para resistir a uma criatura que se mata de rir só de chegarmos perto pra dar beijo? Mas toda ação tem uma reação. "Mamãe, não me come." "Por que não?" "Porque ainda está quente". Assim não dá pra brincar...
E o inevitável, por mais que ensinemos a respeitar e desconsiderar diferenças, aparecem aquelas conversas de que isso é coisa de menina, aquilo é coisa de menino. Parte do pacote dispensável que vem da escola. O papai não usa fralda porque ele é homem. Depois eu entendi que realmente não tinha nada a ver com o fato de ser adulto, e sim com o fato de ser do sexo masculino. Será que tem muito menino fazendo xixi com pipizinho de fora e por isso fralda é coisa de menina?? Sei lá. Fui perguntar. "O papai não usa fralda por que ele é homem?" "É." "E por que você usa?" "Por que eu sou 'homa'."
Às vezes, talvez fosse melhor ser surda...

domingo, 1 de agosto de 2010

É bonita, é bonita, que mentira!!!!

A visão viciada de um adulto em seus protocolos comportamentais lhe rouba a sinceridade a cada dia. Mesmo o que vemos e confirmamos diariamente diante do espelho é negado de nós para nós mesmos. O que é assustadoramente medonho, pode converter-se em magia divina. Até que uma criança que não sabia dessa necesidade de etiqueta social vai lá e fala tudo. Na cara.
Companheira inseparável da preguicinha familiar no pós jantar, a TV traz um zilhão de informações misturadas, principalmente se fica parada em um canal de casa e saúde em pleno fim de semana. Tudo que pasou a semana inteira é reprisado em seus melhores momentos, e o os carros-chefe são inevitáveis: programas de rejuvenecimento, de mudança de visual e de bebês.
Fica lá a D. Quadrada ligada enquanto meu momento de folga maternal se dá, e alheia aos fatos da casa, mais tarde sou informada dos efeitos das transmissões.
Uma daquelas quinhentas mães que não sabia que estava grávida dá seu depoimento, acidentalmente deixado acessível a uma criaturinha de quase 4 anos. O papai foi atualizado com detalhada narração sobre o processo, uma cesárea delicada... E os comentários felizes de que era muito legal e tal o bebê vir ao mundo. E ele nasceu, e era fofinho... E então,com narizinho torcido e carinha de nojo, o desfecho: "mas não é bonito de ver..."
Na mesma noite, o serzinho menor que me segue até o banheiro confessa : "chutei a Bêlit" (a gata de 7 anos). "Que feio, filha". "Eu pedi desculpa, porque foi sem querer e ela é senhora". Sim, ela está sendo ensinada a respeitar aos mais velhos, mesmo os gatos. Concluí que estava tudo bem. Mas nunca está tudo bem, porque certos diálogos simplesmente parecem não terminar nunca."Mamãe, vou te chutar". "Por quê? Não pode". Cara de surpresa. Dois segundos pensando e...BOMBA! "Não pode chutar a mamãe porque a mamãe é senhora". Velha, eu??? Mas, mas...
Segunda-feira vou ter uma conversa muito séria com essa babá que fica ensinando a dizer "sim, senhora mamãe". Hmpf.