Aprender sempre...

Ser mãe é ter a humildade de aceitar-se como fonte de vida de um ser que não nos pertence e, ao mesmo tempo, é tão nosso quanto qualquer outra parte de nosso corpo. Ser mãe é colecionar pérolas diárias, e por que não? Compartilhá-las...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Child X Food


Poderia ser programa de sucesso na TV, mas é evento diário na casa de quem tem criança. Começa com reações variadas. Crianças normalmente fazem cara de nojo ao comer a primeira papa e tentam cuspir tudo. Aqui eu tive que segurar a colher para não ir goela abaixo. Preferências entre doce e salgado? Se ela pudesse abstrair as ideias perguntaria se não é tudo a mesma coisa. Nunca teve nada disso. E foi piorando com o tempo!
Depois de aprender que comer doce demais faz virar bolinha, entendeu que na verdade dá dor de barriga, e que beber água é importante. Agora parece que acorda de ressaca: passa o dia bebendo água porque faz bem. Claro que come doce... Empapuça antes de terminar o segundo!
A relação com a comida só faz melhorar e aumentar até um pouco a autoestima da mãe, que como toda mãe de primeira viagem se sente um ET, e aos poucos, dadas as respostas recebidas, percebe que está acertando no tempero. Literalmente.
Fruta agora é algo complexo, e é apresentada em toda sua anatomia com os nomes corretos: esta é a polpa, esta é a casca, este é o cabo, não é pra comer, né mãe? Ih, a semente eu acho que engoli... Ptu, ptu, ptu...
O desfecho se dá com o ser já verbalizando comida. Realmente verbalizando: criando verbos novos. Filha, o que você lanchou hoje com a babá? "Ah, mamãe, eu pãozei, danonei, maçãzei e uvei. E a Dada pãozou, danonou, maçãzou e uvou também". Que ela conjugue bem os verbos vá lá... mas que por favor se limite a brincar com comida, porque outra professora de línguas não dá...


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mãemonstra


Depois de praticamente ter tido férias, sim, nunca é na íntegra isso, eu retomei a rotina de trabalho meio que conectada ao piloto automático. A cabeça focada em projetos mil, novidades coloridas e vontades atrevidas.
Dar aula é sempre bom, há alunos que conseguem fazer dessa arte ainda melhor, e mesmo atuando com certa inércia, acaba sendo um momento de interação gratificante.
Voltar para casa é ainda melhor, meu abracinho quentinho e meu sorrisinho brilhante me esperavam e nada pode ser mais revigorante que isso. Mas havia a fome... e que fome... eu precisava jantar. Desta vez pedi por favor para a cria esperar um pouco, que assim que terminasse o jantar iria para o quarto. A pequena, obediente, foi brincar e esperar. Ganhou uma bolacha doce enquanto eu terminava de matar o que me matava. Veio para pegar a bolacha e não voltou mais. Achando que estava fazendo mistérios soltei um "espera aí que já vou te pegar!" que ficou no ar sem resposta.
Meu coração apertou.
Ela conseguiu comer a bolachinha, mas dormiu esperando a hora de brincar. Coração apertou mais, e acho que culpa é uma palavra muito pequena para descrever o nó que me fechou a garganta e cobriu de lágrimas meus olhos.
Primeiro dia de volta ao trabalho e eu deixo isso acontecer???
A sensação de vazio que correu em minhas veias era fria e escura. Peguei meu tesouro, beijei, beijei. Impressão de carregar na testa um luminoso piscante em rosa choque: "mãemonstra".
Eu sei que acontece. Já aconteceram outras, mas nunca sem que eu tivesse tido tempo de ficar junto um pouquinho que fosse.
Prometo que eu durmo com fome se for preciso, mas ela nunca mais vai pegar no sono sem mim.

(Excessivamente female today, I know it)