Aprender sempre...

Ser mãe é ter a humildade de aceitar-se como fonte de vida de um ser que não nos pertence e, ao mesmo tempo, é tão nosso quanto qualquer outra parte de nosso corpo. Ser mãe é colecionar pérolas diárias, e por que não? Compartilhá-las...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A falta que ele me faz...


A gente casa (ou não, tanto faz) e um dia, depois de nove meses, vem aquela dor gostosa, uma experiência espantosa e um embrulho que faz "funhééééééé". O embrulho mesmo, depois de um ano e pouco, é que disse que os bebês fazem "funhé". Eu jamais teria capacidade para inventar isso.
Enfim, chega o pacote e acorda a onça. A mãe onça. Aquela mulher irritadiça, depressiva, chorona, cansada, possessiva que acha que fez o filho sozinha. Aquela mulher que rosna e que acha que é só mãe e mais nada. E que só ela sabe trocar. E que só ela sabe vestir. E que só ela sabe onde ficam as roupas (bom, isso é verdade). E que só ela ama perdidamente o bebê. E... e uma lista infindável de tarefas que a mulher toma para si sem oferecer para a outra metade sem a qual aquela obra prima encantadora não seria possível. E então entra o pai e pega o embrulhinho e... bom, ele se emociona. E toda vez ele faz a mesma coisa: pega o pacote e se emociona. E o pacote ri com ele sem esforço mesmo ele não tendo "tetê". A cena é linda, mas como assim? E dorme nos braços dele sem mamar? Mas ele nem ajuda a cuidar!! Ele só fica fora de casa trabalhando o dia todo, pagando contas, comprando comida, esquentando comida, comprando produto de limpeza, matando bicho, limpando a caca dos gatos! Nem tem tempo para cuidar do bebê!
E o tempo passa, a criança gruda na mãe, tudo quem tem que fazer é a mãe, o pai só leva pra escola todo dia e já vai trabalhar até tarde.
Nesse brinde entra mais uma criança e a mãe-filha-única fica perdida nessa relação absurda que é a fraterna sem entender lhufas dessas brigas em que ambas irmãzinhas se ressentem porque queriam ser entendidas pela outra. Diabos, essas meninas se amam ou se detestam? Que inferno! Vai ficar cada uma de um lado da casa pensando no que fez, e fica mais infame a situação ao se descobrir que elas estão chorando pela separação, não pela medida disciplinar... E vem ele de novo: você não teve irmãos... é assim mesmo, fala mais manso com elas. Quem é você pra me dizer para falar mais manso? Sou eu que fico aqui o dia todo aguentando isso enquanto você está fora...trabalhando. E de repente aquelas criaturinhas que provocaram a impaciência materna, do pai só arrancam ternura. E ele fala suave, abraça as pequenas, explica, pede obediência e como um passe de mágica elas voltam sossegadas para o quarto e vão brincar quietinhas e sorridentes. É um complô?? Ele nem tem tempo para ficar com elas e é assim que elas reagem? Ele pega suas coisas, volta para o trabalho depois de se atrasar para resolver uma situação de estresse feminino coletivo e pronto, parece que nada aconteceu, e fica a mãe de novo com a bomba na mão esperando explodir. E esperando, e esperando... Só ouvindo de tempos em tempos aquele "a que horas o papai volta?" das carinhas de bichinhos silvestres. E olhando aqueles olhinhos lindos, e pensando em tudo que eu não preciso fazer por ter quem faça por mim, eu acho que lá no fundo o orgulho besta baixa guarda e também se pergunta: "será que ele demora hoje?"

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