Aprender sempre...

Ser mãe é ter a humildade de aceitar-se como fonte de vida de um ser que não nos pertence e, ao mesmo tempo, é tão nosso quanto qualquer outra parte de nosso corpo. Ser mãe é colecionar pérolas diárias, e por que não? Compartilhá-las...
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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mãemonstra


Depois de praticamente ter tido férias, sim, nunca é na íntegra isso, eu retomei a rotina de trabalho meio que conectada ao piloto automático. A cabeça focada em projetos mil, novidades coloridas e vontades atrevidas.
Dar aula é sempre bom, há alunos que conseguem fazer dessa arte ainda melhor, e mesmo atuando com certa inércia, acaba sendo um momento de interação gratificante.
Voltar para casa é ainda melhor, meu abracinho quentinho e meu sorrisinho brilhante me esperavam e nada pode ser mais revigorante que isso. Mas havia a fome... e que fome... eu precisava jantar. Desta vez pedi por favor para a cria esperar um pouco, que assim que terminasse o jantar iria para o quarto. A pequena, obediente, foi brincar e esperar. Ganhou uma bolacha doce enquanto eu terminava de matar o que me matava. Veio para pegar a bolacha e não voltou mais. Achando que estava fazendo mistérios soltei um "espera aí que já vou te pegar!" que ficou no ar sem resposta.
Meu coração apertou.
Ela conseguiu comer a bolachinha, mas dormiu esperando a hora de brincar. Coração apertou mais, e acho que culpa é uma palavra muito pequena para descrever o nó que me fechou a garganta e cobriu de lágrimas meus olhos.
Primeiro dia de volta ao trabalho e eu deixo isso acontecer???
A sensação de vazio que correu em minhas veias era fria e escura. Peguei meu tesouro, beijei, beijei. Impressão de carregar na testa um luminoso piscante em rosa choque: "mãemonstra".
Eu sei que acontece. Já aconteceram outras, mas nunca sem que eu tivesse tido tempo de ficar junto um pouquinho que fosse.
Prometo que eu durmo com fome se for preciso, mas ela nunca mais vai pegar no sono sem mim.

(Excessivamente female today, I know it)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Canibalismos...

Um odor característico no ar impregna a casa inteira com seu poder de repelente de pessoas. Cada segundo que tarda em ser expulso do ambiente, mais o contamina. A mãe, em sua prática diária de sarcasmo devidamente ensinado à cria, insinua: "hmmmmmmmmmmmm que perfuminho forte... hora de trocar o perfuminho". Cria devidamente condicionada a responder a sarcasmo, passando a mão na calça e em seguida no braço da mãe: "tó, mamãe, perfuminho pra você... passa mais... " Mãe com cara de depressão profunda escondida em vale. (Não vou usar o termo adequado por ser inadequado a um blog desse tipo)

Pouco antes de dormir, crianças devidamente vestidas de forma quente e aconchegante, e a mãe sem noção percebe que errou na indumentária. Nem está tão frio! Para a maior que implorava pela manta: "não vou te cobrir, você está muito abrigada, se coloco uma manta você vai acabar cozinhando e morrendo de calor. Nem vou colocar o cobertorzinho na sua irmã para ela não cozinhar também." Reação da pequena impressionada e choramingando: "mamãe, não cozinha a gente... nós somos muitos pequenas, não cozinha minha irmã, minha irmã e eu ainda não crescemos, não pode cozinhar a gente!!! Snif"

Quem sou eu? A bruxa de "João e Maria"?

Criança com sono é fogo... se não está fazendo malcriação, está falando incongruências.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Fofurices


Maridão está lá, sentado sossegado, de repente ganha abraço!!! Logo o olhar sapeca vai para a barriga proeminente. Segundos de silêncio esperando que classe de comentário será produzida... "Papai fofiiiiiiinhoooooooo" e mais abraço!!!! Sempre é surpreendente...

Aí a gente ensina, ensina... criança vira formiga, não tem jeito. Até a minha que sempre gostou mais de frutas, aprendeu a comer doce. Para dar uma freada aparecem histórias bem absurdas, afinal, passa longe de meus planos ensinar minha filha a ser uma neurótica contadora de calorias. Para controlar o doce, a pequena aprendeu que quem come doce demais vira bolinha de amora e pula-pula de Umpa Lumpa. Informação assimilada, agora as duas irmãs se controlam sozinhas.

Mas é claro que a pequena, no supermercado, vê uma pessoa que pecou em pecado de gula... E claro que ela se lembra da lição, e claro que ela fala em voz alta: "papai, aquele moço comeu muito doce, né?"

Depois disso, só tentando fazer dormir... E dormir desmamando é difícil, demorado, dolorido e cheio de vaidade. Pois é, vaidade. "Mamãe, não quero dormir porque meu olho vai ficar amassado". Ai, ai, ai... Eu ainda vou descobrir onde fica o baú de onde saem essas pérolas.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Não sou homem não!!!


Além de incrivelmente doce, a maternidade é uma forma de aperfeiçoamento como ser humano. É um teste diário de disciplina, paciência e educação. Você precisa conseguir criar uma rotina firme para manter a criança calma, saber impor disciplina sem ser aterrorizante ou agressivo e conseguir silêncio sem gritar, para não ser incoerente com o que está pedindo... Nem sempre é divertido ou belo, mas sempre é edificante.
O bom é que o tempo como mãe acaba nos ensinando que metade das coisas que sabíamos podem ser vistas e feitas de outra maneira, mas as mais interessantes são as que podem ser ditas de um modo novo ou interpretadas de forma particular.
Muitas vezes, para conseguir bons resultados, é preciso negociar ou saber rir da situação... e uma criança que foge ao ser penteada pode ser comparada a uma ervilha que corre do prato ao chão. O problema de certas metáforas é que se você tem em mãos duas crianças, elas, as metáforas, fogem de controle. Bom, as crianças também. E depois da pobre ervilha, segue uma lista de outras coisas que fogem do prato...O que era uma brincadeira para conseguir pentear um cabelinho, vira uma lista de supermercado, que como tudo, um dia acaba. Só que com crianças nada acaba sem um grand finale.
A maior se lembra de um episódio em que sua mãe tentava cortar uma melancia que, como todos os outros itens de nossa lista, fugiu. E dá-lhe fábula... Depois de muito correrem atrás da melancia fujona, desistiram e telefonaram para a polícia melancial, que quando chegou ao local, ouviu as queixas de ambas de sua tentativa infrutífera de cortar a melancia já citada. Espantados com o grau de violência de mãe e filha, a polícia melancial gritou "co-co-co-co-cortaaaaaaaaarrrrrrr?????" e saiu correndo. Total da história: elas precisaram chamar a polícia comum mesmo e resolver o problema colocando algemas na melancia (?) que escapou...Sim, conseguiram comê-la.
Quando vem a noite, começam as brincadeiras de baixar o ritmo, e dar beijinhos mordisquentos claro que está entre os dez mais. Dá para resistir a uma criatura que se mata de rir só de chegarmos perto pra dar beijo? Mas toda ação tem uma reação. "Mamãe, não me come." "Por que não?" "Porque ainda está quente". Assim não dá pra brincar...
E o inevitável, por mais que ensinemos a respeitar e desconsiderar diferenças, aparecem aquelas conversas de que isso é coisa de menina, aquilo é coisa de menino. Parte do pacote dispensável que vem da escola. O papai não usa fralda porque ele é homem. Depois eu entendi que realmente não tinha nada a ver com o fato de ser adulto, e sim com o fato de ser do sexo masculino. Será que tem muito menino fazendo xixi com pipizinho de fora e por isso fralda é coisa de menina?? Sei lá. Fui perguntar. "O papai não usa fralda por que ele é homem?" "É." "E por que você usa?" "Por que eu sou 'homa'."
Às vezes, talvez fosse melhor ser surda...

domingo, 25 de julho de 2010

Pirulito não é flor.


Tem ano em que a gente planeja e planeja e nada sai como deveria. Pior é ano que começa com mau pressentimento e vai confirmando a suspeita mês a mês sem piedade. Nem festinha de aniversário resistiu, mas sempre há bons amigos perto para resolver a questão e te convencer a fazer um bolo, não importando o que tenha acontecido para trás... E assim foi, ainda bem! Mesa impecável, quatro tias superqueridas, papai, mamãe, irmã. O bolo com o visual escolhido pela protagonista e mais alguns detalhes rebuscados que foram apreciadíssimos. Pela aniversariante e suas convidadas. A mesa, com poucos recursos bem distribuídos e os presentes, simplesmente surpreendentes. As fotos saíram com ar retrô e tudo funcionou deliciosamente.
A família fez sua parte e organizou mais um parabéns!! Tudo funcionando, salvo que a guardiã mor da protagonista se ausentou e ela sentiu na pele o ciúme da primogênita da nova geração. Conflitos da vida que ensinam, mas doem.
O sorriso de sempre havia sido trocado por um grude pouco comum, uma indiferença inimaginável contra quem a incomodava e a busca de conforto em cada colinho adulto. Até a bisa entrou na dança.
Nem o encontro com papai cicatrizou a dorzinha, sono e manha se juntaram ao novo perfil.
Um prato de comida quentinha resolveria o problema. Sim, por uma hora e meia de breve soneca. O sono, perturbado pelas más lembranças do dia, tardou em ser recuperado. Mamadeira de leite, água, cobertor, tira cobertor, meia, tira meia, nada surtia efeito. O desabafo trouxe paz e terminou de despertar. Hora de contar historinhas..."Mamãe, vou te contar uma história". "Tá, filha, qual?" "A do peixe". Que história de peixe era essa??? Pergunta formulada, pergunta respondida. "Era uma vez um peixe que estava nadando na água" (ainda bem...)"E depois, meu amor?" "Aí ele nadou, nadou, nadou e fugiuuuuuuuuuuuu", narração acompanhada de braçadas e pernadas no colchão, e claro que o "iuuuuuuu" foi gritado. "Mamãe, conta uma historinha?" "Qual, querida?" "João e..." O pedido era João e Maria. OK. Quando João e Maria estavam indo pra floresta e levando pão pra deixar migalhas no caminho, deu-se o primeiro sinal de que era uma péssima idéia: "eles levaram queso y jamón também, jamón que se chama presunto, né mamãe?" Pronto, conjecturas bilingues em meu conto de fadas, hmpf. "É, filhinha". João e Maria continuaram seu passeio comendo misto frio, e a história precisa render para surtir efeito sonífero, e claro que isso se ganha nos detalhes. Muitos detalhes. Detalhes demais. Dispensáveis, aliás. Porque João e Maria chegaram à casa de doces e ela tinha um jardim. Um jardim lindo, brilhante e colorido, com flores de pirulito! "Flores de pirulito, mamãe?" E os olhos arregalados já em tom de chacota. "É meu amor, flores de pirulito, um monte". "Flor de pirulito??? Que nojooooooooo!!!Blãããã!" Esse "blã" é impagável e está registrado em filme em outra ocasião, porque todo mundo merece um dia ver. O nojo das flores de pirulito é que só mais tarde fui entender ser apenas o começo de uma noite bem longa de histórias non sense, até a mamãe entendiar a criança com seus próprios cochilos no meio das narrativas. E vencê-la pelo cansaço. Meu cansaço.
Mas aí acordei e fiquei pensando com meus botões: casa com porta de bolo, telhado de chantili e chão de gelatina pode. Mas flor é flor, pirulito é pirulito...